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(Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE)

Locomover-se com veículo movido a combustível fóssil, alimentar-se de culturas à base de agrotóxicos, consumir recursos sem responsabilidade, descuidar-se com o lixo, desperdiçar água são alguns dos hábitos sociais que afetam tanto o ambiente quanto a saúde humana.

Para boa parte da população, o assunto sustentabilidade é um tema distante, que não estaria diretamente relacionado ao comportamento individual. No entanto, especialistas afirmam que a atitude de cada um pode influenciar negativamente o bem-estar coletivo, assim como o planeta.

Diariamente, cerca de cinco mil toneladas de lixo são produzidas em Salvador, a maior cidade do estado, segundo dados da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb). Parte desse lixo, quando não recolhido, vai parar nas ruas, rios e praias da capital baiana.

O presidente da Limpurb, Kaio Moraes, informa que a preocupação maior da empresa é quanto ao descarte de entulho. “Pois a população costuma abandoná-lo nas áreas verdes, encostas e córregos, o que constitui grave dano ambiental”, avalia.

Ainda em relação ao lixo, o resíduo plástico, por exemplo, leva centenas de anos para se decompor na natureza. Segundo Moraes, atualmente, há 175 pontos de entrega voluntária espalhados pelos bairros de Salvador para depósito de componentes recicláveis.

“Vamos abrir um chamamento público para as cooperativas recolherem porta a porta. Numa primeira fase, nos bairros com melhor estrutura”, adianta. “No entanto, para funcionar, a sociedade precisa mudar, fazer da coleta seletiva, em casa, um comportamento automático”, completa.

Lixo e doenças

Professor-doutor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o biólogo Federico Costa observa que o descarte de lixo em locais e horários inapropriados favorece um ambiente propício à proliferação de doenças.

“O lixo pode entupir bueiro, causar alagamentos, colocar as pessoas em contato com a água suja e em risco de contrair leptospirose, doença provocada pela urina do rato, que atinge mais de um milhão de pessoas pelo mundo”, explica.

Costa ressalta, ainda, que os recipientes plásticos contidos no lixo podem servir como focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti. “Que é o vetor transmissor de diversas doenças, como dengue, zika, chikungunya e, agora, a febre amarela”, aponta.

Para o pesquisador, ainda há certo distanciamento da sociedade no que tange à preservação do ambiente natural. “Nos países considerados desenvolvidos, a sociedade está caminhando mais rápido, mas, por aqui, pensa-se que ambiente é só a floresta, não a cidade, não o dia a dia”, diz.

Ar comprometido

Outro comportamento social que incide na questão ambiental é o deslocamento por veículos movidos a combustíveis fósseis. O lançamento dos gases poluentes incide na camada de ozônio, colabora para o aquecimento global, aumenta a temperatura e promove doenças respiratórias.

De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a frota cresceu quase dez vezes de 1989, quando havia 430.871 unidades no estado, até abril passado, com mais de quatro milhões veículos – cerca de 946 mil só em Salvador.

Mesmo com mais de dois mil ônibus na frota do transporte público, além dos 20 km de cobertura do metrô, o vendedor Ricardo Farias, 37 anos, argumenta que não consegue se desapegar do automóvel para se locomover para todas as partes da cidade.

“Eu não acompanho, não me informo muito bem sobre os assuntos relacionados ao aquecimento global”, reconhece o profissional. “Preciso do carro para me locomover, porque me dá mais autonomia e conforto. Andar de transporte público é muito sofrível”, diz.

Desmatamento

Um agravante para o aquecimento global é o desmatamento para abertura de pasto para criação de gado, assim como criação de espaço para imóveis. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, a Bahia foi o estado onde houve mais desmatamento em 2016, com 12.288 hectares derrubados.

Diretor de políticas públicas da fundação, Mario Mantovani diz que o desmatamento provoca prejuízos a rios e nascentes, além de favorecer a formação das chamadas “ilhas de calor” causadas pelo aumento da temperatura nas cidades.

“A retirada da cobertura florestal tem impacto negativo no campo, mas também nas cidades, já que provoca redução do oxigênio, aumento da temperatura e problemas respiratórios”, enumera. “Além disso, o desmatamento colaborou muito para as crises hídricas que estamos vivenciando”, pontua Mantovani.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1866846-meio-ambiente-falta-de-consciencia-prejudica-a-cidade

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